Desordens relacionadas ao trigo: da sensibilidade à doença

Trigo, arroz e milho são os grãos mais consumidos no mundo e são fontes de amido. Dentre eles, o trigo é o único que contém glúten.

Em 1953 ocorreu a publicação de um estudo confirmando a má absorção após o consumo de trigo em pacientes com doença celíaca (DC) e a dieta isenta de glúten é o principal, eficaz e ainda o único método de tratamento.

Os distúrbios relacionados ao glúten envolvem DC, alergia ao trigo e sensibilidade ao glúten não celíaca.

Diferenças entre DC, alergia ao trigo e sensibilidade ao glúten

DC e alergia ao trigo são mediadas pelo sistema imunológico, onde:

  • DC: envolve anticorpos sorológicos específicos como, anti-transglutaminase tecidual (tTG) IgA, antiendomísio IgA (EMA) e antipeptídeos de gliadina desamidados IgG. Acomete cerca de 1,1% a 1,7% de pessoas em todo o mundo.
  • Alergia ao trigo: hipersensibilidade tipo I e tipo IV, englobando imunoglobulinas IgE. Atinge cerca de 0,4 a 9% das crianças.

Ao passo que a sensibilidade ao glúten não celíaca é um distúrbio de início multifatorial, talvez temporário e evitável, associado a uma dieta desequilibrada. A prevalência não está bem estabelecida, podendo variar de 0,6% a 13% e atinge com maior frequência mulheres adultas na quarta década de vida e indivíduos procedentes da área urbana.

Os sinais e sintomas mais frequentes da sensibilidade ao glúten não celíaca são distensão, dor abdominal, diarreia e flatulência. Já os sintomas extra intestinais mais comuns são cansaço, dor de cabeça e ansiedade. Um ponto relevante neste assunto é que as queixas podem ser semelhantes aos que acometem indivíduos com Síndrome do  Intestino Irritável (SII), dificultando o diagnóstico preciso.

Essa condição vai de acordo com a revisão de Roszkowska et al (2019), onde em um dos estudos os cientistas descobriram que o consumo de alimentos ricos em FODMAPs geram sintomas semelhantes à ingestão de glúten em pacientes com sensibilidade ao glúten não celíaca. Além disso, perceberam que não apresentam ocorrência estatisticamente significante de sintomas após a introdução do glúten na dieta, se ao mesmo tempo limitam os produtos ricos em FODMAP.

Outros fatores parecem interferir nos sintomas de pacientes com sensibilidade ao glúten não celíaca e são necessários mais estudos devido a difícil comparação de resultados, pois os métodos e critérios obtidos variam significativamente.

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REFERÊNCIAS

ROSZKOWSKA, Anna et al. Non-Celiac Gluten Sensitivity: a review. Medicina. Polônia, p. 1-19. 28 maio 2019. Disponível em: https://www.mdpi.com/1648-9144/55/6/222/htm. Acesso em: 18 mar. 2022