A imunoterapia é um método de tratamento largamente utilizado em pacientes com diversos tipos de câncer. O sistema imunológico desempenha um papel na oncogênese, podendo impedir a formação de tumores através da eliminação de vírus oncogênicos e patógenos causadores de inflamação. Estudos recentes indicam a importância da nutrição como complemento à modulação dos efeitos colaterais sistêmicos ocasionados pela imunoterapia.

Imunoterapia e bloqueio do checkpoint imunológico

O bloqueio do checkpoint imunológico é o meio usado na imunoterapia, usando anticorpos, como anti-PD-1, anti-PD-L1 e anti-CTLA-4. Esse tratamento é uma técnica capaz de suprimir, fortalecer ou induzir o sistema imunológico, com a administração de agentes imunoestimulantes, de maneira ativa e específica, por exemplo, usando antígenos tumorais, vacinas de DNA ou RNA, vacinas de células dendríticas. Esse bloqueio dos checkpoints imunológicos ativa uma resposta imunológica específica para destruir tumores.

Os tecidos periféricos expressam a proteína de morte celular programada-1 (PD-1), que é um receptor encontrado nas células T, B, NK e supressoras derivadas de mieloides (MDSC). Ela tem a função biológica de limitar a atividade das células T CD4 e CD8 positivas e das células NK, gerando a supressão da resposta imune e regulando positivamente a atuação dos linfócitos infiltrantes de câncer.

Nutrição, microbioma intestinal e imunoterapia

Um recente estudo feito por Szczyrek et al. (2021) indicou a influência da microbiota intestinal na eficácia da imunoterapia, quimioterapia e radioterapia contra tumores. A perturbação do microbioma intestinal fisiológico pode gerar uma resistência primária à terapia de checkpoint imunológico, onde se observa uma melhor resposta na presença de micróbios intestinais específicos, diferentemente do tratamento com antibióticos que se associa à resposta negativa à imunoterapia anti-PD-1, anti-PD-L1 ou anti-CTLA-4.

Os autores ainda observaram que a presença abundante de bactérias do tipo Akkermansia muciniphila no microbioma intestinal se correlacionou com uma melhor resposta à imunoterapia em pacientes que apresentavam carcinoma de pulmão, carcinoma de células renais e carcinoma urotelial, mostrando uma boa resposta clínica e menor toxicidade. Quando modulada com probióticos e prebióticos, a microbiota pode ser um eixo chave do sucesso do tratamento e da qualidade de vida do paciente com câncer.

Toxicidade da imunoterapia: como modular com a nutrição

Apesar das boas respostas clínicas ao tratamento oncológico de imunoterapia, é possível observar efeitos relacionados a toxicidades dos agentes imunológicos comumente usados, em diferentes sistemas corporais. Os mais afetados são coração, fígado, tireoide e pele. A pele, especificamente, é o órgão que mais sofre com esses efeitos, uma vez que é possível observar o desenvolvimento de vitiligo e lesões dermatológicas em pacientes durante o tratamento.

A nutrição clínica avançada, nesse sentido, se torna essencial para modular essa toxicidade, através de estratégias promissoras com uso de nutrientes específicos que irão ajudar na reparação do tecido cutâneo. Cerca de 30 a 90% dos pacientes que usaram suplementos ou fórmulas com micronutrientes tiveram uma potencialização do tratamento imunoterápico e uma redução significativa dos efeitos colaterais da terapia. Alguns trabalhos indicam, ainda, a possível eficácia de dietas plant based, low carb e cetogenica nesse desfecho clínico positivo.

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REFERÊNCIAS

Yuen, Raymond CF e Shiu-Ying Tsao. Abraçar a imunoterapia contra o câncer com micronutrientes vitais. Revista Mundial de Oncologia Clínica vol. 12,9 (2021): 712-724.

Szczyrek, Michał et al. Diet, Microbiome, and Cancer Immunotherapy-A Comprehensive Review. Nutrients vol. 13,7 2217. 28 Jun. 2021.

Russo, Edda et al. Exploring the food-gut axis in immunotherapy response of cancer patients. World journal of gastroenterology vol. 26,33 (2020): 4919-4932.